quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Nova horta

Foi como na Paulo Freire... Na verdade, nem tanto assim, como vocês verão já já! Com os alunos sim: cheguei na escola para a reunião de quarta e alguns estavam lá, assistindo a um jogo do campeonato de futebol na quadra, com sede de fazer alguma outra coisa. Aí foi só botar a pilha novamente (como na EMPF). Eu estava com as sementes na mochila, pois a diretora já tinha demonstrado o interesse em fazer plantios na escola. Esta foi a primeira grande diferença que eu encontrei em relação à escola do Fonseca, pois nesta última não queriam nem saber da horta.

O espaço da João Brazil é ótimo: um canto do terreno da escola onde não há trânsito de alunos, com um canteiro já demarcado e algumas árvores fazendo meia-sombra. E mais - a segunda grande diferença - um ponto d'água, fundamental para este trabalho com a terra. O plantio começou hoje, com dois alunos, mais um terceiro que foi lá depois. A terra, bem empedrada, foi cavucada com pazinhas e afofada para receber sementes de alfavaca (foto do alto). Em copinhos de plástico, foram colocadas sementes de alamanda e brotinhos de uma planta suculenta. Depois foi só pegar um pedaço de borracha e ligar a torneira, para regar tudo (foto acima).

Na Paulo Freire a horta ficou largada. Esta foi a última foto que eu bati, em meados de setembro, antes da saída. Não sei se a natureza foi generosa e manteve as plantinhas vivas até hoje. Na época, a diretora adjunta já estava proibindo os alunos de irem regá-la, não deixando eles irem sozinhos no fundo do terreno. Eles carregavam água em garrafas pet até lá e retornavam em 10 minutos para a aula de geografia. Uma atividade simples e educativa que foi desprezada pelos superiores. Na João Brazil, o plantio continua amanhã, meio-dia depois da aula.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

O dia do mestre

Há 15 dias foi o dia do mestre, atualmente uma data sem valor (tal qual o professor), a não ser pelo feriado que junta com o do dia 12 e vira um feriadão. Por internet, recebi de uma amiga uma mensagem daquelas que volta e meia circulam na rede, um desabafo de um professor sobre a situação crítica da educação no país. Apesar do texto coerente, em determinado momento ele diz: "Os palavrões, os desacatos, os desrespeitos em sala de aula, nos corredores, nos pátios, nas áreas livres; as ameaças, veladas ou não, dirigidas a quem trabalhe em educação, tornam-se a cada dia um fato comum, "natural e perfeitamente aceitável" (...)".

Discordei desta parte. É verdade que existem escolas extremamente violentas, mas muitas vezes é a instituição, o coletivo da escola, que não funciona direito, e faz as coisas desandarem. Foi assim na Paulo Freire nos primeiros anos, muito violenta, e naquela época quase chutei o balde. Intervínhamos em todas as situações aleatoriamente e não dávamos conta. E nossos superiores assistiam a tudo inertes. Não acho que a escola deva ser um lugar de punição, mas não tomar atitude nenhuma numa falta grave faz com que a impunidade prevaleça - e é o que a gente assiste no Brasil.

Aprendi que, antes de tudo, é preciso que nós tomemos atitude: quando os alunos percebem que há envolvimento, determinação e autoridade do professor, respeitam. Para mim,
as preocupações formais e objetivas devem ceder lugar ao aprendizado baseado na convivência, observação e afetividade. Na Índia, há mestres que transmitem seu ensinamento sem dizer uma única palavra. Eles agem, e os discípulos aprendem com os seus exemplos. Se aqui os alunos vêem os "profissionais da educação" fazendo de qualquer jeito, se omitindo e pouco se importando, o que esperar desses alunos? (clique na imagem acima para ampliar e saber)

"PERDI O JOGO E"
:
OI ROGÉRIO, A CADA MINUTO QUE PASSAMOS NA ESCOLA PAULO FREIRE, SENTIMOS SUA FALTA.
O SEU JEITO DE SE COMUNICAR COM AS PESSOAS, DE DIZER O QUE ESTÁ CERTO OU ERRADO E MUITO MAIS.
BOM EU POR EXEMPLO.
EU ESTOU SENTINDO SUA FALTA MESMO, PORQUE FOI COM VC ALI PRESENTE NAQUELA ESCOLA QUE EU E TODOS OS ALUNOS APRENDERAM A AMAR, RESPEITAR, SABER LIDAR UM COM OS OUTROS E TUDO MAIS.
OLHA POIS FIQUE SABENDO QUE NO CORAÇÃO DE CADA UM DE NÓIS ESTARÁ A SUA LEMBRANÇA. NO MEU CONCERTEZA VAI ESTÁ.
ESPERO QUE AGORA VC POSSA ESTÁ REFLETINDO OS BONS MOMENTOS QUE VC PASSOU NA ESCOLA...
HÁ E TEM UMA COISA,FOI LÁ QUE VC E KELLY COMEÇARAM A NAMORAR.
EU LEMBRO ATÉ HOJE QUE TODOS OS ALUNOS QUERIAM QUE VOCÊS FICASSEM JUNTOS E AGORA ESTÃO AI Ó. CASADOS.
BOM EU LHE DESEJO SORTE,SAÚDE,PAZ E AMOR.
PORQUE É ISSO QUE A GENTE TEM TER DENTRO DE NOIS.
PRINCIPALMENTE AMOR.
BOM ESPERO QUE VC POSSA ESUQCER TUDO O QUE FOI DE RUIM NA ESCOLA.
PORQUE OS ALUNOS TODOS ESTÃO COM VC VALEU.
BEIJÃO.
THAYS PACHECO

♥Chris
: Oi professor! Como vc esta? Nos tds sentimos mt a sua saida queriamos mt que vc continuasse como nosso professor. Mas isso ñ foi possivel neh! Nunca esqueça que vc vai sempre fazer parte da nossa historia na EMPF. E queremos o senhor presente na nossa formatura! Sei que ñ é mas professor da EMPf mas sempre vai ser o nosso professor.
Que Deus ilumine seu caminho onde for e que vc sempre seja esse professor alegre, maluquinho, eletrico, preocupado com o melhor para os alunos...


sábado, 27 de outubro de 2007

Geografia e história de Niterói

Depois de 3 anos e meio trabalhando no Fonseca e cruzando a alameda São BoaVentura, resolvi tomar vergonha na cara e conhecer os lugares que eu sempre alimentei curiosidades, mas nunca ia conhecer. Sempre passo por eles me deslocando para as escolas e a vontade de visitá-los foi crescendo constantemente. Agora era outubro ou nada. Este passeio finalmente se realizou numa sexta-feira e revelou-se um excelente roteiro de trabalho de campo para Geografia e História, pelo que vocês vão ver a seguir. Pode ser tranquilamente realizado a pé e durante uma tarde. O primeiro ponto de parada é a casa de Oliveira Vianna (professor, jurista, historiador e sociólogo brasileiro) que fica no Ponto Cém Réis, no Fonseca, em frente à subida do viaduto que dá acesso à Ponte. Essa casa, tombada em 1992, é hoje um centro de estudos, e possui uma biblioteca com mais de 15 mil exemplares de livros.

Infelizmente neste dia não pude conhecer o interior da residência, pois a chuva dos dias anteriores tinha infiltrado pelo telhado e teto da casa e causado um grande estrago. Pessoas trabalhavam para salvar o patrimônio atingido, principalmente os livros. Contentei-me com os jardins da propriedade, que possui uma grande palmeira imperial, plantas bem cuidadas e uma pequena encosta nos fundos do terreno, coberta de mata. De lá, é possível avistar, entre a folhagem das árvores frondosas, a torre da igreja de São Lourenço da Várzea, que fica do outro lado do viaduto e das ruas que vão formar a alameda São Boaventura - o segundo ponto de visita da tarde. Ampliando a imagem acima, é possível perceber a igreja de São Lourenço dos Índios lá atrás, no Morro de são Lourenço (colada no lado direio da torre em cima da copa da árvore).

A imponente igreja de São Lourenço da Várzea, no Ponto Cem Réis, foi criada para ser a nova sede da freguesia, pois na época a Igreja de São Lourenço dos Índios estava em péssimo estado de conservação. A construção foi iniciada em 1873 e as obras só foram concluídas em 1892. O projeto, em estilo eclético e de tendência neoclássica, teve alteração no formato original da torre, em forma de uma flecha aguda, por uma cúpula em cima de dois corpos decorados de colunas gregas. Sua fachada principal é dominada pela torre central que avança em relação ao resto da nave, e todo o embasamento é de pedra. Na pintura do interior, predominam as cores branca e dourada. Na Revolta da Armada (1891-1892), foi ocupada como quartel, e em 2001 tombada. Reformada, está majestosa.

O caminho entre a Igreja da Várzea e a dos Índios passa por dois casarões desconhecidos de época maltratados pelo tempo e pedindo revitalização (acima). Parei para um lanche na venda da esquina, mas a melhor parada do trajeto depois se revelou ser a pracinha da Igreja de São Lourenço dos Índios, o terceiro ponto. A caminhada a partir dos velhos casarões (pela rua da esquerda da foto) deixa de ser em terreno plano, e começa a subida suave do Morro de São Lourenço. Logo depois virei à direita, e a ladeira seguinte de repente fica muito íngreme: esta é a parte mais difícil do percurso, que exige mais preparo físico. No dia que eu fui o calor era considerável e cheguei no alto suado. O esforço porém é logo recompensado, pois o local do monumento da fundação de Niterói possui uma magia toda especial.

A capela de São Lourenço dos Índios foi fundada em 1627, e elevada à categoria de matriz em 1758. A arquitetura é jesuítica, e a reconstrução de 1768 deu-lhe a aparência que conserva até hoje. A fachada apresenta as janelas ornadas de pedra portuguesa, e também a porta principal, estilo almofada. O interior guarda preciosidades como o retábulo-mór (a obra de arte mais antiga de Niterói) e a imagem de São Lourenço (obra-prima de santeiros portugueses do século XVII). A igreja é tombada desde 1938. Durante a semana ela fica fechada, e como era sexta não pude entrar, pois a zeladora que tem a chave também não estava lá (as visitas devem ser agendadas). Aos domingos, abre às 9 horas da manhã para a missa semanal.

Como a igreja de São Lourenço dos Índios fica no topo de uma colina, numa posição estratégica, tem uma vista ampla e privilegiada da cidade, da baía, das montanhas e do Rio de Janeiro. É possível ver o Maciço da Tijuca (a serra da Carioca e da Tijuca) com os picos do Corcovado - e o Cristo Redentor - e o da Tijuca - o maior do município do Rio com 1.021 metros, nos cantos esquerdo e direito da foto acima, respectivamente. Niterói, água escondida, esconde as águas da Guanabara, visíveis só no canto direito. À esquerda o adensamento de edifícios diminui nosso horizonte visual, e em primeiro plano uma árvore morta mostra que a urbanização, que transformou a cidade na metrópole, deixou a natureza numa situação crítica.

Em frente à igreja tem uma pracinha, com um busto de "Ararigbóia" e no pedestal a data de 22 de novembro de 1573, data em que se comemora a fundação da cidade de Niterói - batizada inicialmente de São Lourenço dos Índios - e feriado municipal. Araribóia, ou Martim Afonso, fica cercado de bancos e à sombra de um belo flamboyant, que dá um charme ainda maior ao lugar. Nesta tarde, crianças brincavam na rua, vira-latas vagueavam, pessoas conversavam tranqüilamente nas calçadas, quase não passavam carros - o ritmo da vida parecia de cidade do interior, bem diferente do frenético da alameda. O "clima" bucólico convida a uma parada confortante sob as árvores, ou à beira da murada, diante de uma bela vista. Paisagem para se desligar da pressa e relaxar. Parece que todo segundo domingo do mês, à tarde, rola um samba na pracinha.

O casarão que eu via do viaduto e até então desconhecia a história é o quarto e útimo ponto de visitação. Ao longe, se destacam também as imponentes palmeiras imperiais. Depois que desci a ladeira da praça da Igreja dos Índios, avistei o portão de entrada que fica praticamente no encontro das ladeiras íngreme e suave. A tarde já caía, e eu consegui entrar depois de tocar o interfone e me identificar. Neste lugar novamente só conheci a parte externa da construção (só entrei mesmo na igreja da Várzea!), o que não deixa de valer a pena, pois as paisagens é que são mais interessantes! Conhecido como Palacete da Soledade - residência dos arcebispos niteroienses e sede do Seminário Arquidiocesano São José - foi propriedade de Francisca Elisa Xavier, a primeira baronesa de Soledade, uma nobre brasileira dona de fazendas que faleceu em 1855 em Niterói.

Casada com o capitão-mór Manuel Francisco Xavier, não tiveram filhos. Embora fosse um grande doador das terras onde se estabeleceu a então vila de Pati do Alferes (os maiores benfeitores da matriz e doadores do cemitério), o capitão-mór Xavier era um homem irascível, de muitas brigas judiciais e pendengas com seus vizinhos. O casal é conhecido por ter sido proprietário do famoso escravo Manoel Congo, revoltoso considerado um símbolo da luta pela liberdade - sua memória é venerada como a de um mártir. Depois de fugir das fazendas, fundar quilombos e resistir à escravidão, foi capturado e condenado. A pedido da baronesa foi poupada a mulher do escravo, Mariana Crioula, obrigada no entanto a assistir a execução pública de seu companheiro, enforcado.

O casarão fica virado para a igreja da Várzea. Junto dele, há mais duas construções mais recentes onde funcionam faculdades de teologia e de filosofia. O conjunto fica no alto de uma colina também, um pouco mais baixa que a igreja dos Índios - a foto acima mostra a vista que se tem do alto da ladeira que chega na pracinha. Diferentes ângulos de um marco arquitetônico da cidade - a torre da igreja da Várzea - visto de lugares cheios de história de Niterói pertos um do outro, separados apenas por uma agradável caminhada. Saí do seminário no fim da tarde, e com o horário de verão e o dia mais longo, pude chegar ao centro nervoso do vale do rio da Vicência - a alameda São Boaventura - ainda com o céu claro. Voltei para casa satisfeito e já pensando na próxima...

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Eleição

Para ler esta matéria, é preciso primeiro ler o cartaz acima (clique nele para ampliar). A eleição do grêmio deste ano na escola do Fonseca foi assim. Repare: o cartaz até explica o que é um grêmio (como se nem os alunos soubessem!). O processo foi relâmpago: três manhãs para montar a chapa e se inscrever, três de campanha eleitoral e a votação. Ora, a Paulo Freire é uma escola nova, e para formar um grêmio estudantil atuante é preciso que haja um trabalho longo e acompanhado de perto com os alunos. Eles mal conheciam as chapas na hora do voto, e muitos nem sabiam em quem estavam votando.
Alguns me contaram que até se recusaram a votar, decepcionados com esta eleição. Ressaltaram a diferença do processo eleitoral em relação ao ano passado - quando houve um trabalho mais envolvente e teve até um debate entre as chapas no auditório lotado (com mais de 90 alunos). Vale lembrar também que a salinha do grêmio prometida para a chapa vencedora nunca se materializou. Dessa forma, sem apoio, fica difícil dos alunos se organizarem. Afinal, é isso que se quer? Qual a chapa que ganhou este ano?
Nas fotos abaixo, a orientadora educacional Danielle Matheus conduzindo o processo eleitoral do grêmio com os alunos - ano passado (2006). Este ano nem foto tem (só o cartaz)... Retrocesso?


quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Gentileza

"O "profeta Gentileza" chamava-se José Datrino (1917-1996). Vivendo de uma pequena empresa de transportes, formada por dois caminhões, morava na Pavuna (zona norte do Rio), junto com a mulher e cinco filhos. O incêndio do Gran Circo Norte Americano, em Niterói, em 1961, mudou completamente sua vida. Soltou os pássaros das gaiolas e plantou flores e verduras no lugar devastado pelo incêndio, onde viveu por quatro anos. Depois passou a andar pelas ruas do Rio, vestido de branco e carregando estandarte, pregando amor e gentileza. Deixou escritos e pinturas em 55 pilares do viaduto do gasômetro (zona portuária do Rio). Esse "livro urbano, uma obra única" foi restaurado por professores e alunos da UFF e integra o patrimônio cultural da cidade".





Texto extraído do almanaque "Bandas D'Além", p. 59. Fotomontagem de imagens disponíveis na internet (autores desconhecidos). Vídeos do Youtube (profeta gentileza).

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Li e gostei...

Descobri este livro "Bandas d'Além: almanaque de educação patrimonial" (capa acima) por acaso, na Sala de Leitura da E. M. João Brazil. Estava passando os olhos na prateleira dos livros sobre Niterói e ele estava lá, meio escondido. Foi um achado: o mais legal que eu já conheci sobre as terras de Araribóia - um almanaque do patrimônio da cidade com vários assuntos e histórias interessantes, como as da Fortaleza de Santa Cruz e da Ilha da Boa Viagem (repletas de piratas e náufragos), da aldeia de São Lourenço dos Índios, do trampolin de Icaraí, das barcas, sobre Portugal Pequeno, Antônio Parreiras, Charles Ribeyrolles... enfim, tem até o profeta Gentileza! Aprendi muitas curiosidades, por exemplo: o pico mais alto da cidade (sabe qual?) tem 412 metros, o Horto do Fonseca já foi Jardim Botânico Nilo Peçanha, o casarão (abaixo) - que fotografei há semanas no centro - é o Solar Notre Rêve. O livro é um trabalho de autoria coletiva coordenado por Lea Calvão e Lygia Segala, realizado pela Universidade Federal Fluminense, Pró-Reitoria de Extensão, Faculdade de Educação e Fundação Euclides da Cunha (que doou o exemplar da escola).

sábado, 20 de outubro de 2007

A banda

No meu primeiro dia na Escola Municipal João Brazil o que mais me chamou a atenção foi um som estrondoso vindo do lado de fora. Descobri que era a banda escolar tocando na quadra coberta, e fui lá conferir. Com caixas, zabumbas, pratos e até liras, os alunos ensaiam 3 vezes por semana depois da aula - segundas, quartas e sextas - sob a regência do maestro Paulo Cesar. À frente, meninas faziam ginástica artística. Para quem passou quase 4 anos na Paulo Freire e nunca viu isso, foi uma emoção à parte. Tanto que voltei lá e gravei um pedacinho do ensaio, para que os alunos do Fonseca - principalmente os músicos - pudessem conhecer este trabalho tão valioso. Com vocês, a banda:



quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Duas escolas

Diz a placa: "João Pereira da Silva, o João Brazil, nasceu em Nova Friburgo/RJ, em 12 de fevereiro de 1874. Começou a lecionar aos 15 anos e foi fundador e diretor do Colégio Brasil..." - a primeira coisa que pensei foi na EMPF, que já foi um colégio com esse nome, mas parece que o colégio era outro, embora também no Fonseca. "Empresário, poeta e benemérito de várias instituições, faleceu em Niterói, em 6 de maio de 1940". Termina citando uma frase do próprio: "A Educação tem que oferecer o braço sempre à instrução". João Brazil é hoje o nome da Escola Municipal de Niterói que fica no Morro do Castro (tem uma avenida com esse nome também na cidade) - é a nova escola em que vou trabalhar.

A saída da EMPF foi surreal (saiba mais - tem que ter orkut - clicando em http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=1615372&tid=2557049212508045365&start=1. Ainda não escrevi sobre isso aqui, embora a grande maioria dos navegantes do blog, que é da comunidade escolar da EMPF, já saiba. Uma tristeza amenizada apenas pelo apoio dos amigos e pelas manifestações de carinho dos alunos. Oh Niterói, por que tanto maltrato?! Vários projetos ficaram pelo caminho, mais uma vez: a horta, a estação meteorológica, o jornal, o cavalo-marinho. A princípio não sabia o que fazer com o blog (o nome atual só manteve a sigla), mas sabia que este não iria acabar: isso só vai ocorrer quando eu deixar de ser professor. Porque a câmera digital já faz parte da minha prática escolar, e a internet da minha vida.

A Paulo Freire e a João Brazil são escolas bem diferentes: esta última é menor que a primeira, mais afastada do centro urbano, é horizontal, tem parquinho para a educação infantil, quadra coberta, banda escolar, bancos no pátio (foto acima). Até as tão sonhadas lixeiras coloridas, que pedimos há anos lá na EMPF, tem também (quem sabe agora, em tempo de eleição, elas ainda não aparecem no Fonseca!). O blog quem tem é a Paulo Freire, mas como fui para o Morro do Castro, este trabalho foi prejudicado como os outros. O que não significa que acaba, porque no mundo virtual existe até educação à distância. Como a internet é um mundo de possibilidades, quem sabe agora ele não se torna um elo entre as duas escolas?

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Alunos fotógrafos

Estas são as fotos produzidas pelos alunos d0 9º ano da EMPF no Jardim Botânico. Ficaram ótimas! A maioria delas é da Thais Marins (F9B), que ficou responsável pela câmera digital. Parabéns aos alunos fotógrafos pela qualidade das imagens!


segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Jardim Botânico - 9º ano

Há uma semana atrás foi a vez do 9º ano conhecer o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, hoje considerado uma das 7 maravilhas do Estado. O lugar reúne várias espécies de plantas do mundo tropical, e já é velho conhecido dos alunos da EMPF. Com a câmera na mão, os alunos puderam registrar este dia diferente de aula: fizeram um vídeo (que você assiste abaixo!), e captaram belas imagens - que estarão em breve em exposição aqui no blog. Uma ferramenta nem tão nova - a câmera digital - para uma nova produção: a tv escola, feita pelos próprios alunos, com tecnologia acessível, é uma experiência viável e interessante na educação pública!



Este foi meu último dia de trabalho como professor de Geografia da Escola Municipal Paulo Freire de Niterói.

sábado, 6 de outubro de 2007

Semana Nacional de Ciência e Tecnologia

Ainda dá tempo! Quem chegar à Estação das barcas de Niterói pode conferir, na barraca montada em frente na calçada (foto acima), experimentos interessantes que fazem parte da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2007, que acontece de 1 a 7 de outubro em todo o país. Passei por lá ontem por acaso, e com a câmera na mão, registrei os bichos que estavam expostos: havia uma seção de animais venenosos do Instituto Vital Brazil e dois aquários de água salgada mostrando seres do mar (se eu não me engano da Baía de Guanabara) - tinha até cavalo-marinho! Pareceu para mim uma extensão da Feira de Ciências da EMPF, que este ano teve como um dos temas os seres vivos, de tanto bicho que eu vi lá - confira no vídeo:

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Árvores

Há duas semanas atrás foi o dia da árvore (21/09). Na rua onde moro, no Rio, uma árvore - um abacateiro - apareceu com vários corações presos no seu tronco (foto acima). Eram mensagens de crianças de uma creche daqui da rua. Mensagens simples (foto abaixo), mas que destacaram a importância desse dia e do cuidado com a natureza, ou melhor, do que resta dela: as árvores da cidade.

Há alguns anos, quando trabalhei numa outra escola, a Luiza Abranches (particular) - o Submarino Amarelo! - plantei com os alunos algumas árvores nas ruas em torno da escola. A gente saía às vezes só para cuidar dos canteiros. O mais significativo plantio foi o da pedreira da rua Pinheiro Machado (foto abaixo), pois quase não havia árvore naquele local e muitas mudas plantadas sobreviveram.

Parece fácil mas não é. Quando se planta uma árvore num espaço público é fundamental acompanhar o crescimento da muda, até que ela esteja suficientemente forte para sobreviver sem maiores cuidados. Na rua passam muitas pessoas, o ambiente é poluído - com lixo, falta de nutrientes - e nem sempre chove. Em geral, perde-se a maioria das mudas ao longo do primeiro ano.

A Escola Municipal Paulo Freire possui um grande potencial de plantio, com vários canteiros. Já houve tentativas de ocupá-los (foto acima), mas com poucos envolvidos fica mais difícil. Infelizmente, o projeto Gaia (o coletivo de professores e supervisores) ainda não conseguiu plantar as 17 árvores com as turmas prometidas desde o início do ano letivo. Mais do que plantar, é preciso também acompanhar o crescimento das mudas, para aprender a cuidar.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

São Francisco

A 4 de Outubro de 1501, uma expedição de reconhecimento que descia a costa brasileira rente ao litoral, comandada por André Gonçalves e Américo Vespúcio, passou pela foz do rio São Francisco, que foi assim designado em homenagem a são Francisco de Assis (o protetor dos animais), nascido na Itália 319 anos antes do seu descobrimento e cuja festa se comemora neste dia. A região da foz era habitada pelos índios que a chamavam Opará, que significa algo como “rio-mar”, e a mata, a caatinga desconhecida e as tribos ferozes impediam os brancos de penetrar na terra.

O rio São Francisco é considerado o terceiro maior rio do Brasil, possui mais de 3.000 quilômetros de extensão e sua bacia equivale a 7 vezes Portugal. É o maior rio genuinamente brasileiro, porque da nascente à foz banha somente terras do Brasil, e é típico de planalto, com trechos navegáveis entrecortados de corredeiras e cachoeiras. É conhecido também como Rio dos Currais, por ter servido de trilha para transporte e criação de gado na época colonial, ligando a região Nordeste às regiões Centro-Oeste e Sudeste. Citado em várias canções, há muitas lendas em torno dele até hoje.

Quinhentos e seis anos depois de seu descobrimento, vários problemas vêm afetando o percurso natural do rio, como o assoreamento, o desmatamento de suas várzeas, a poluição, a pesca predatória, as queimadas, o garimpo e a irrigação. Ainda assim, o rio São Francisco é o principal recurso natural que impulsiona o desenvolvimento regional: para abastecimento humano, agricultura irrigada, navegação, piscicultura, lazer e turismo, gerando ainda energia elétrica para todo o Nordeste e parte do estado de Minas Gerais.

Fontes: Brasil escola, Fundação Joaquim Nabuco, Wikipedia.
Foto: o rio São Francisco à jusante da represa de Sobradinho, na Bahia.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

São Gonçalo do Amarante

GONÇALO (SÃO). Santo português, festejado em 10 de janeiro, dia em que faleceu na localidade de Amarante, no Douro, à margem direita do Tâmega, no ano de 1259. Eremita, deixou tradições populares vivas. Construiu uma ponte de pedra. Tocava viola. Converteu as mulheres, dançando com elas, alegremente, mas tendo nos sapatos pregos que o feriam nos pés. Os romeiros portugueses que vão a Amarante dão um nó nas giestas, e quem assim faz logo casa. Trazem seus devotos figuras de trigo, cobertas de açúcar, e mesmo pães com formas fálicas. Outrora dançavam dentro da igreja de Amarante. É padroeiro das mulheres que querem casar, seja qual for a idade. As festas de São Gonçalo se espalharam e eram famosas dentro da Sé do Porto, onde as chamavam festas das regateiras.

A festa veio para o Brasil com os fiéis do santo de Amarante. Nuno Marques Pereira (Compêndio Narrativo do Peregrino da América) anotou que Sabugosa, “estando governando a cidade da Bahia, por ver umas festas, que se costumavam fazer pelas ruas públicas em dia de São Gonçalo, de homens brancos, mulheres e meninos, e negros com violas, pandeiros e adufes, com vivas e revivas a São Gonçalinho, trazendo o santo pelos ares, que mais pareciam abusos e superstições que louvores ao santo, as mandou proibir por umbando, ao som de caixas militares, com graves penas contra aqueles que se achassem em semelhantes festas desordenadas” (Antologia do Folclore Brasileiro). As danças de São Gonçalo continuaram por quase todo o Brasil.

A popularidade de São Gonçalo se comprova na toponímia. Em 1940 havia município de São Gonçalo no Ceará, no Rio Grande do Norte, em Pernambuco, na Bahia, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Piauí mudara o seu para Amarante, equivalente. Povoações e lugarejos são incontáveis. As danças resistem em São Paulo e não desapareceram no Nordeste. Dominam nas fazendas dos povoados, onde os devotos pagam promessa, dançando e cantando as jornadas tradicionais.

Fonte: Luís da Câmara Cascudo - Dicionário do Folclore Brasileiro. 2002. Editora Global.

Texto enviado pelo Professor Fillipe Mencari.

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