quarta-feira, 3 de outubro de 2007

São Gonçalo do Amarante

GONÇALO (SÃO). Santo português, festejado em 10 de janeiro, dia em que faleceu na localidade de Amarante, no Douro, à margem direita do Tâmega, no ano de 1259. Eremita, deixou tradições populares vivas. Construiu uma ponte de pedra. Tocava viola. Converteu as mulheres, dançando com elas, alegremente, mas tendo nos sapatos pregos que o feriam nos pés. Os romeiros portugueses que vão a Amarante dão um nó nas giestas, e quem assim faz logo casa. Trazem seus devotos figuras de trigo, cobertas de açúcar, e mesmo pães com formas fálicas. Outrora dançavam dentro da igreja de Amarante. É padroeiro das mulheres que querem casar, seja qual for a idade. As festas de São Gonçalo se espalharam e eram famosas dentro da Sé do Porto, onde as chamavam festas das regateiras.

A festa veio para o Brasil com os fiéis do santo de Amarante. Nuno Marques Pereira (Compêndio Narrativo do Peregrino da América) anotou que Sabugosa, “estando governando a cidade da Bahia, por ver umas festas, que se costumavam fazer pelas ruas públicas em dia de São Gonçalo, de homens brancos, mulheres e meninos, e negros com violas, pandeiros e adufes, com vivas e revivas a São Gonçalinho, trazendo o santo pelos ares, que mais pareciam abusos e superstições que louvores ao santo, as mandou proibir por umbando, ao som de caixas militares, com graves penas contra aqueles que se achassem em semelhantes festas desordenadas” (Antologia do Folclore Brasileiro). As danças de São Gonçalo continuaram por quase todo o Brasil.

A popularidade de São Gonçalo se comprova na toponímia. Em 1940 havia município de São Gonçalo no Ceará, no Rio Grande do Norte, em Pernambuco, na Bahia, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Piauí mudara o seu para Amarante, equivalente. Povoações e lugarejos são incontáveis. As danças resistem em São Paulo e não desapareceram no Nordeste. Dominam nas fazendas dos povoados, onde os devotos pagam promessa, dançando e cantando as jornadas tradicionais.

Fonte: Luís da Câmara Cascudo - Dicionário do Folclore Brasileiro. 2002. Editora Global.

Texto enviado pelo Professor Fillipe Mencari.

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