quinta-feira, 13 de setembro de 2012

"O lugar onde eu vivo" (4)

A fazenda do Doutor Raul vista do Loteamento Bento Pestana.

Como era meu bairro antigamente?

Eu moro na rua Bento Pestana nº 70 no Baldeador. Uma moradora muito antiga daqui - D. Helinda Raquel - me falou que chegou ao Morro do Castro com 6 anos de idade, no ano de 1977.
Diz ela que a família foi morar na casa de sua avó. A casa ficava no terreno da fazenda, do Doutor Raul.
Era longe, aliás tudo aqui era longe, as casas, o comércio, a escola - diz D. Helinda.
Aqui tinha muito mato, as casas a maioria era feita de pau a pique. Só tinha a igrejinha de Santa Rita de Cássia.
Hoje, onde tem a escola Djair Cabral e a praça, era um rio e piscina, onde as crianças brincavam nos dias quentes de verão.
Mas, aos poucos, foram aterrando a piscina com lixo e onde havia mato foram construindo casas e comércios.
As casas feitas de pau a pique deram lugar a casas de alvenaria e onde chamavam de roça, hoje é chamado de comunidade.
Mas para que o progresso acontecesse, o local teve que conviver com as modificações.
Ainda me lembro das casinhas humildes aonde o chão era de barro batido. E as senhoras cuidavam com muito cuidado - diz D. Helinda.
Não havia água, luz, nem saneamento básico.
Quando anoitecia, o que iluminava as casas eram as lamparinas.
O forte das vendas aqui era o querosene.
Nos anos 80 chegou a iluminação pública. A luz, até tinha em algumas casas, mas não era em todas.
Não tinha asfalto a estrada que divide os distritos: Niterói e São Gonçalo.
O 1º posto de saúde e escolas foram feitos do lado de Niterói.
Muitos anos depois é que foram construídas a escola e o posto de saúde em São Gonçalo e mesmo assim é um lugar esquecido pelos seus governantes.
A água chegou no final de 99 início de 2000.
A minha mãe nem pôde ver isso. Ela morreu no início do ano 2000 - diz D. Helinda.
Antes você carregava a água ou fazia cisternas e comprava pipas d'água.
Eu fiz os dois, carreguei água dos meus 10 aos 15 anos. Depois minha mãe fez uma cisterna na casa onde nós morávamos. E com isso passamos a comprar pipas d'água. - diz D. Helinda.
Aos meus 10 anos, em 1981, meus pais alugaram uma casa, em uma vila. A única vila que tinha aqui.
Ela ficava na rua Laura Miller. Mas depois que nós saímos de lá a vila ficou abandonada.
Até venderam a 1ª casa onde morei na vila. E lá construíram um sobrado, as outras casas foram se deteriorando aos poucos, só tem mato agora.
Mas não pensem que as casas eram aquela maravilha. Elas não tinham água encanada. Nós usávamos caneca para tomar banho, lavar louça e roupas eram lavadas em bacias e baldes - diz D. Helinda.
Em relação à condução, ela desde aquela época até hoje continua sendo o nosso tormento. Pouca coisa mudou: o ônibus vinha de Niterói e o ponto final era em Tenente Jardim, quem morava aqui no Morro do Castro tinha que subir a pé (isso foi até o ano de 81).
Depois ele subiu e ia até o armazém de Seu Almir (hoje padaria Ballon).
Pouco tempo depois eles passaram a fazer ponto final no Baldeador (conhecido também como Cova da Onça).
Quando digo que pouca coisa mudou, eu me refiro à qualidade e pontualidade dos ônibus, eles demoram muito e quando chega o fim de semana, aí mesmo é que fica uma loucura.

Texto e fotos de Lucas Monteiro Insuela, turma 7B.

Loteamento Bento Pestana visto da fazenda do Doutor Raul.

Lucas entre Arinna e Pedro (7B) no terreno da fazenda. Foto: Carina Motta.

"Onde chamavam de roça, hoje é chamado de comunidade."

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