quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Escolas sustentáveis

Curiosamente, este foi um tema ignorado nas últimas eleições municipais. Muitas unidades da rede municipal de Niterói são antigas, construídas na década de 70 - caso da EMJB - numa época em que conceitos como sustentabilidade e desenvolvimento sustentável nem existiam. Mesmo passando por reformas ao longo do tempo, essas construções hoje estão ultrapassadas e são exemplos de cultura do desperdício. Repare nesses casos: a escola com luzes ligadas em corredores vazios. Sem interruptores nas salas, elas ficam assim o dia inteiro...

Os sistemas de drenagem do telhado se tornaram obsoletos quando parte do pátio da escola foi cimentado, nos anos 90. No entanto, pequenas adaptações podem permitir o reaproveitamento da água da chuva, de grande utilidade. É preciso considerar também que muitas escolas ficam em morros - como a EMJB - onde não são raros os casos de falta d'água, o que implica em gastos extras com carros pipa e até a suspensão das aulas em situações críticas...

Quanto custa a água e a luz numa escola pública por ano? Clique na imagem acima para ampliar e observe os números: na EMJB, a conta média é de R$6.737,59 mensais (R$3.415,63 de luz e R$3.321,96 de água), ou seja, são gastos mais de 80 mil reais por ano só para manter a escola acesa e irrigada. Para se ter uma ideia desse custo, 13 escolas como essa consomem mais de 1 milhão de reais por ano (só de água e luz!) e a rede tem mais de 70 unidades...   

E a quantidade de lixo produzida? Não há tratamento dos resíduos sólidos, nem separação ou coleta seletiva. Enfim, não há uma política pública focada na eficiência do uso desses recursos naturais e energéticos. Mesmo que representem um valor simbólico na economia do município, tem agregado um imenso valor pedagógico e ambiental para as novas e futuras gerações. Royalties de petróleo não poderiam ser investidos em escolas sustentáveis?...

 
Este ano, a Rio+20 virou tema de aula - por curiosidade dos alunos - e a partir daí eles passaram a perceber o ritmo da produção de lixo na sala de aula. Estimulados, começaram a separar os papéis dos outros resíduos e, de lá para cá, já são 4 caixas de papelão cheias armazenadas na sala de Ciências. Nesse caso, os alunos assimilaram um hábito novo muito mais rápido que os adultos...

Desde o início do projeto "em cada canteiro um canteiro cultivado", as folhas secas são aproveitadas como recursos. Deixam de abarrotar as cestas de lixo e voltam para os canteiros onde permanecem em decomposição, adubando a terra, mantendo a umidade por mais tempo, formando uma capa protetora das fortes chuvas e atraindo uma microfauna importante para a aeração do solo... 

Ao longo dos últimos anos, os espaços com solo ociosos (duros e empobrecidos) foram ocupados. Através de plantios sistemáticos, a área verde aumentou e uma grande variedade de plantas forma atualmente a base da cadeia alimentar: é um privilégio ter biodiversidade dentro da própria escola...

O plantio de árvores ocorre todo semestre. Este ano ultrapassou os muros da escola e foi até as margens do rio das Pedras no Campo do Gordo. O último foi perto da quadra, com alunos das turmas 6C e 6D, onde foram plantadas três mudas: árvore do viajante, jambo vermelho e algodão. Foto: Wellington (8C)...

Nunca foi preciso comprar terra preta. Com a recuperação natural do solo, hoje é possível ter horta na escola com capacidade para produzir alimentos orgânicos suficientes para uma ou outra refeição eventual (são centenas de alunos!). Mas o mais importante: é um jardim didático, onde as crianças passam a conhecer os vegetais. Já tive alguns alunos que perguntaram: "Professor, o que é rúcula?"...

Frutos: coroas de abacaxi da merenda plantadas há menos de dois meses...

 
Economia criativa: a Professora Helen fabricou sabão na sala de Ciências com o óleo de cozinha usado recolhido na escola, uma experiência pioneira na EMJB.


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