quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Monitoramento da água

Um dos maiores desafios de 2011 será o monitoramento da água do poluído rio das Pedras, que passa perto da escola e é formado por nascentes do Morro do Castro, como a Sereia. É um rio típico da metrópole do Rio de Janeiro que deságua na Baía de Guanabara: já nasce valão, drenando morros ocupados por populações que ainda convivem com a falta de saneamento básico. Curiosamente, depois de atravessar o bairro gonçalense ele faz uma curva para sudeste e penetra numa área preservada de Mata Atlântica, formando até cachoeira. Já visitei alguns pontos com os alunos, e neste final de ano fui com Lucas Lima e Andréa Regina, da turma 6A - que juntos com Rafaella Silva, monitoraram as chuvas de 2010 - para um teste na beira do rio, ao lado do campo do Gordo. Coletamos água numa garrafa pet para análises de oxigênio dissolvido, PH e turbidez, com material do World Water Monitoring Day - um programa internacional de educação voltado para a proteção dos recursos hídricos do planeta - enviado pela Professora Rosa de São José dos Campos (SP). Os alunos da EMJB infelizmente não conseguem enxergar um rio limpo no lugar do valão (como um dia já foi), pois se acostumaram desde cedo com a sujeira e o cheiro de esgoto.

Por outro lado, li recentemente um texto sobre renaturalização de rios em metrópoles brasileiras (Medeiros e Magalhães Júnior/UFMG), que cita exemplos bem sucedidos no país, como o de Curitiba, onde foram criados parques para a conservação de áreas permanentes de fundos de vale, para a prevenção de enchentes e a ampliação do saneamento básico, revalorizando os rios como elementos da paisagem da cidade. Esses autores concluem, com base em experiência em Belo Horizonte, que a percepção da população local, que tradicionalmente reforça o modelo convencional de gestão dos cursos d'água urbanos (sintetizado nas obras de canalização) e a manutenção de  posturas tradicionais por parte do poder público, pode também ser fonte de difusão de novos procedimentos, na medida em que aumenta o grau de apropriação e aceitação de intervenções alternativas por parte das comunidades. É um trabalho que acredito ser possível também no rio em questão, a começar por uma educação ambiental contínua, que possa preparar os alunos para essa recuperação.

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