"Trabalhar com educação em uma perspectiva crítica e compreender o ser humano singularmente exige uma reflexão sobre que conceito utilizar para descrever o processo de constituição daquilo que o faz sujeito e não outro. A despeito de qualquer noção que se possa utilizar, é possível compreender que qualquer idéia de sujeito traz implícita ou explicitamente uma ontologia que a sustenta; ou seja, toda teoria aponta para uma concepção de ser, a qual traz a fundamentação e o desenvolvimento de uma concepção do que seja o sujeito e, por conseguinte, implica na forma com a qual as ações são desenvolvidas e as estratégias traçadas."
Este é o primeiro parágrafo que me chegou às mãos da proposta pedagógica da FME (página 74, capítulo(?) III - Espaço, tempo e cidadania). Dose! É um texto em "facultês", língüa falada em algumas ilhas mas pouco entendida e utilizada no continente firme. O "facultês" escrito chega a ser desagradável, com tantos floreios e clichês batidos que não dizem nada, mas querem confundir a mente dos menos versados. É uma pena, pois parece que ele está virando moda no mundo profissional - quem o estuda pode ganhar um pouco mais no salário - e prova disso é a proliferação de mestres e doutores inexperientes especialistas em "facultês". Mas há uma grande diferença entre o mestre e o "título".
Você já imaginou um médico se especializar em cirurgia e não operar mais ninguém? Ou um engenheiro arquiteto se especializar em edificações e não construir mais nada? Na educação da cidade educadora é assim. O "especialista" em educação, depois que vira um doutor, em geral vai exercer um cargo burocrático, administrativo e, se puder, nunca mais volta para a sala de aula. É curioso, mas o trabalho de professor das classes fundamentais, que entra em sala e interage com dezenas de jovens diariamente, é visto como uma tarefa de soldado raso, de peão. Pois ganha pouco e dá mais trabalho (professores de 1ª a 4ª então ganham menos, quando não deveriam). Assim, muitos que exercem essa função querem sair.
A educação popular é como a arte popular: intuitiva, se aprende na convivência, na observação, na experiência. Esses que fazem isso há anos é que são os verdadeiros mestres. Nunca vi um "especialista" em educação dando aula numa escola pública. Nunca os vi encarando diariamente essa realidade, sentindo a energia dos jovens em formação básica interagindo dentro de uma pequena sala. Quanto mais títulos, mais se afastam, mais raros se tornam lá e mais distantes ficam deles. Mas querem agora explicar essa realidade para nós, e o pior, nessa língüa estranha. Percebo que são dois mundos diferentes, e um problema de comunicação: cada um desenvolve a sua própria lingüagem. Se é assim, entre a utopia deles e a nossa, fico com a última.
Lembrei depois do primeiro jornalzinho que fizemos na faculdade, que trazia esta pérola sobre o "facultês" (clique para ampliar):
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A educação popular é como a arte popular: intuitiva, se aprende na convivência, na observação, na experiência. Esses que fazem isso há anos é que são os verdadeiros mestres. Nunca vi um "especialista" em educação dando aula numa escola pública. Nunca os vi encarando diariamente essa realidade, sentindo a energia dos jovens em formação básica interagindo dentro de uma pequena sala. Quanto mais títulos, mais se afastam, mais raros se tornam lá e mais distantes ficam deles. Mas querem agora explicar essa realidade para nós, e o pior, nessa língüa estranha. Percebo que são dois mundos diferentes, e um problema de comunicação: cada um desenvolve a sua própria lingüagem. Se é assim, entre a utopia deles e a nossa, fico com a última.
Lembrei depois do primeiro jornalzinho que fizemos na faculdade, que trazia esta pérola sobre o "facultês" (clique para ampliar):
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